17 e 18 de outubro
Rússia, Rússia, Rússia. Esse nome sempre soou tão distante nas aulas de História ou nas notícias de TV que talvez nunca nem passou pela nossa cabeça que um dia poderíamos ir para lá.
Mas fomos. E podem começar a se preparar porque temos muita coisa pra contar.
Mapa
Bom, vale a pena aqui gastar um tempinho a mais detalhando todo o sofrimento pelo qual um turista tem que passar para visitar esse país. Vamos enumerar, para ficar tudo mais simples:
1) Um visto!!! Apenas cidadãos das ex-repúblicas soviéticas como Belarus, Ucrânia e Cazaquistão não precisam de visto para entrar na Rússia. Ou seja, nós, brasileiros, podemos entrar sem visto na Inglaterra, Alemanha, França, Suécia, Noruega, mas não na Rússia. Mas além disso, esse visto não é um visto normal, porque para conseguir ele você precisa (além de pagar uma taxa de 150 doletas) de uma...
2) Carta convite!!! Essa é uma maneira que os russos conseguiram para ganhar mais grana em cima do pessoal. Você é obrigado a pagar mais 40 dólares pra uma das trilhões de agências que existem na Rússia só para emitir carta-convites. Mas não é aí que termina a burocracia, pois aindia é necessário...
3) Registrar o visto!!! É, em menos de 3 dias desde sua chegada ao país você é obrigado a ter o visto registrado, caso contrário você pode ser preso ou obrigado a pagar uma multa de mais 150 doletas. Reminescências do antigo estado soviético, KGB e etc, provavelmente. E como faz pra registrar o visto? Essa é uma boa pergunta, já que na Rússia você tem que lidar com o fato de que...
4) Ninguém fala inglês!!! Tipo, tá certo que ninguém é obrigado a saber nenhuma língua estrangeira, mas lá nem mesmo aquele pessoal que você tem certeza que falaria fala, como por exemplo balcão de informação do aeroporto ou pasmem, até o agente de imigração. Tentamos perguntar para ele como fazia pra registrar o visto e o cara quase tomou nossos passaportes e não deixou a gente entrar no país. E esse não é o único problema de comunicação pelo qual tivemos que passar não, pois lá na Rússia...
5) O alfabeto é diferente!!! Imaginem só a situação: dois brasileiros vão de Estocolmo a São Petersburgo com escala em Moscou, no aeroporto Sheremetyevo. Chegando no primeiro destino, eles descobrem através da moça do balcão da companhia aérea que parcamente falava inglês que o terminal internacional é separado do doméstico, e que eles teriam que pegar um ônibus que nos levasse até o outro. Parece fácil, mas alguém aí sabe como se escreve Sheremetyevo em russo? Шереметьево. Pois então, ficamos perdidinhos, tentando achar algo parecido com isso nas placas do ponto de ônibus enquanto dezenas de motoristas de táxi e vans particulares ficavam enchendo o saco, e isso tudo aguentando o frio de neve (é isso mesmo, Moscou estava coberta de neve quando chegamos).
É claro que nessa confusão toda, acabamos perdendo o nosso vôo pra São Petersburgo. Mas no final das contas, acabamos dando conta de pegar um outro no mesmo dia, de tomar o ônibus certo que saía do aeroporto pra estação do metrô e de chegar no albergue são e salvos. Nessa primeira caminhada noturna que fizemos até lá já deu pra sentir o clima da cidade:
É, o centro de São Petersburgo é lindo, muito mais do que poderíamos ter imaginado. E o melhor, sem neve. No outro dia de manhã, quando fomos passar, descobrimos que essa Nevskiy Prospect é a avenida principal da cidade, a mais larga e a mais bonita também.
Ela é bem comprida, e corta todo o centro de São Petersburgo até o Rio Neva. Depois de cruzarmos alguns canais e várias outras redes de fast-food americanas, chegamos no nosso primeiro destino turístico: a Catedral Kazan.
Na hora não sabíamos, mas depois fomos descobrir que existem várias outras catedrais com o mesmo nome espalhadas pelo país. A explicação é que Kazan era a antiga capital do reino tártaro, e quando os russos finalmente dominaram a região o czar mandou construir pelo menos uma em cada cidade importante para comemorar sua vitória.
Essa de São Petersburgo era bonita por fora...
...mas o que vimos lá dentro foi inacreditável. Entramos bem no meio da missa, e podemos afirmar que nunca esqueceremos do momento em que vimos pela primeira vez o culto da Igreja Ortodoxa.
Abre parênteses: a Rússia também é cristã, mas não é católica romana nem protestante, é ortodoxa. Quando o Império Romano se dividiu, a parte ocidental (que hoje é França, Alemanha, Espanha, etc) se desintegrou rapidamente, mas a oriental (Turquia, Grécia, Bulgária, etc) continou existindo por mais um milênio. E foi nessa parte que a religião ortodoxa se desenvolveu, e de lá se espalhou para a Rússia.
Lá dentro não era permitido tirar fotos, mas nós também nem nos atreveríamos. A cena parecia mágica, e cremos que só quem também já viu uma missa ortodoxa sabe do que estamos falando. Não é um padre que dá o sermão; são vários, divididos em vários grupinhos espalhados pela igreja comandados pelo sacerdote principal, que fica no altar. E o sermão não é falado, é cantado, e é impossível achar palavras para descrever a beleza desse canto. O som vinha em inúmeros tons e de vários lugares diferentes, e enquanto um grupo parava de cantar, o outro começava, e isso deixava qualquer um emocionado. Depois ficamos saber que cada culto dura cerca de 3 horas, e em tempo algum os sacerdotes param de cantar.
A atmosfera de dentro da Igreja também era fascinante. Tudo é marrom e dourado, e não existem bancos ou estátuas, apenas imagens e pinturas nas paredes que ficavam ainda mais douradas com o tremular das velas que as senhoras russas vinham acender. Enquanto os sacerdotes cantavam, uma quantidade absurda de velhinhas caminhava prum ladro e pro outro, beijando cada um dos símbolos, encostando a testa, fazendo em-nome-do-pai, ajoelhando-se no chão e dobrando o corpo em reverência. E isso acontecia por toda a igreja, com gente entrando e saindo sem parar, já que não é costume deles assistir as três horas de culto mas apenas dar uma passada e ficar ali por alguns minutos.
Saímos de lá atordoados, e foi só voltar para a Nevskiy Prospect que demos de cara com a construção mais bonita que vimos em toda São Petersburgo:
Parece um brinquedo de criança, não é mesmo? Diz Ricardo que as torres são feitas de maria-mole, hehehe. Mas que é lindo é. E como foi a primeira igreja desse tipo que vimos na Rússia ficamos completamente boquiabertos. A gente foi andando na direção dela, e quanto mais perto chegávamos mais impressionado ficávamos.
Sua construção é recente, data do século XIX mesmo. E uma história curiosa: durante a época do comunismo, o ateísmo oficial propagado pelo Estado fez com que essa igreja fosse usada por mais de 40 anos como depósito para vegetais. O nome em português parece esquisito, mas pelo que pesquisamos deve ser esse mesmo.
Nos dois dias e meio que passamos em São Petersburgo nós tentamos entrar nessa igreja, mas foi só no último que descobrimos que estava fechada por algum motivo obscuro (o\ papel tava em russo somente! sem tradução!) exatamente nesses três mesmos dias... É uma pena, pois lemos no nosso guia que dentro dela está o maior mosaico do mundo.
Mas sei lá, acho que também já nos contentamos em só a contemplar do lado de fora mesmo :)
Continuamos nosso passeio seguindo a Nevskiy Prospect até o final, onde ela termina bem em frente à Catedral de São Isaac.
O prédio é enorme e bonito, mas depois de vermos a Igreja do Salvador no Sangue pareceu meio normal demais, talvez. A arquitetura é estilo romano, igual à Catedral Kazan que visitamos mais cedo, e o prédio foi construído no meio do século XIX. Não sei se dá pra ver direito pela foto, mas reza a lenda que domo dourado é ouro puro, quase 100 kilos.
Dava pra entrar lá dentro e subir na torre pra ver a cidade, mas incrivelmente e por um motivo quiçá mais obscuro ainda ela também estava fechada pelos três dias que estávamos na cidade
Ali do lado ficava o Palácio de Inverno da realeza russa, na época em que a capital era São Petersburgo (entre 1703 e 1917). Agora é hora de testar o conhecimento histórico de novo: alguém aqui sabe que praça é essa?
Foi exatamente nesse local que três grande reviravoltas na história russa aconteceram. Primeiro, no século XVIII, Catarina a Grande deu um golpe de estado e derrubou o czar Pedro III, seu marido. Depois, em 1905, Nicolau II ordenou um massacre dirigido a operários que manifestavam nesse mesmo local no que hoje é conhecido como "Domingo Sangrento".
Esse massacre antecipou a revolução de 1905, e foi aqui também que em 1917 Lenin e seus bolcheviques tomaram o poder e começaram a Revolução Russa, que transformou o país em socialista e transferiu a capital para Moscou.
No Palácio de Inverno, que fica bem ali atrás, hoje existe o Hermitage, que é simplesmente a maior coleção de obras de arte do mundo. Tudo começou com 255 quadros comprados por Catarina A Grande, e hoje o Hermitage possui mais de 3 milhões de peças, das quais apenas 5% ficam expostas de cada vez.
É óbvio que entramos lá dentro, e a entrada é deliciosamente grátis para estudantes. E é óbvio que gastamos o resto da tarde percorrendo uma infinidade de salas, corredores, quartos, halls e etc.
E também deve ser óbvio que era proibido tirar foto lá dentro, mas podem ter certeza que o passeio foi ótimo. Além de obras de Da Vinci, Michelangelo e de vários outros artistas ocidentais e russos, o Palácio ainda exibia quartos decorados exatamente como eram na época em que ele ainda era um palácio, e eles eram simplesmente incríveis.
Assim acabou o nosso primeiro dia, gastos até o talo.
No segundo, aproveitamos a manhã para caminhar até o outro lado do rio Neva até a Fortaleza de Pedro e Paulo. No caminho, passamos por uma mesquita, que era um prédio todo diferente, bem bonitão.
Se ela tem nome ou não tem, não sabemos. Fomos lá para tentar olhar e um pessoal começou a perguntar coisa pra gente em árabe, então simplesmente desistimos e continuamos em direção à Fortaleza.
Essa foi a primeira pegadinha que encontramos na Rússia. O lugar parecia ser bem legal, mas chegando lá descobrimos que não passava de uma fortaleza mesmo, cheias de barracas militares sem graça. O único prédio talvez mais bonitinho era a Catedral de Pedro e Paulo, que supostamente guarda os restos mortais de Pedro O Grande, o czar que construiu São Petersburgo.
Mas o mais legal mesmo foi caminhar até lá. As ruas de São Petersburgo são lindas, sem exceção. Pra cada canto que você olha dá a sensação de ter achado uma foto perfeita.
Passamos por vários parques também no caminho. Era legal observar as pessoas, já que os russos são diferentes e se vestem diferentes do que qualquer outro povo na Europa. Talvez esse fato tenha sido o mais legal de ter ido na Rússia, mas só fomos descobrir isso mesmo em Moscou. Mas isso é assunto pra depois.
Uma outra coisa que chamava a atenção sempre que andávamos era o jeito que a galera estacionava os carros. Os russos paravam de qualquer jeito, enfiando metade do carro no passeio e deixando a outra metade no meio da rua. E durante todo esse tempo que andamos por lá, não vimos sequer uma placa de proibido estacionar.
Baliza pra eles não existia; tinha carro em cima do passeio, a 4 metros do meio fio, virado em 45 ou 90 graus, tudo sem fazer sentido nenhum. Mas é isso aí, viver bem é viver simples, não é mesmo? :D
Da fortaleza, preferimos voltar usando o metrô. O metrô dessa cidade é muito engraçado. É tudo meio velho, como se o lugar fosse construído no início do século e nunca mais reformado. Talvez foi isso mesmo que aconteceu, vai saber. Tem até ascensorista de escada rolante, uma tiaziha que fica numa cabine fazendo sei lá o quê.
Dizem que o metrô de São Petersburgo é o mais profundo do mundo. Se é verdade não dá pra afirmar, mas que parece parece.
Fomos parar ao lado do Monastério de Alexander Nevskiy. Esse monastério ainda está em atividade, e ainda é até hoje um dos mais importantes locais de peregrinação dos fiéis russos. A entrada era linda.
Do lado de dentro existem várias igrejas, mas todas bem mal cuidadas, quase caindo aos pedaços. Tinha um pessoal restaurando quase metade do lugar, mas ainda tava meio mais ou menos. O mais bonito mesmo eram os jardins e o monastério em si.
Lá também haviam dois cemitérios, um das personalidades (onde estão enterrados o escritor Fyodor Dostoevsky e o músico Tchaikovsky, dois são-petersburguenses de renome) e outro dos comuns. O preço pra entrar entrar no dos famosos era absurdo, quase 10 dólares, e como cemitério é tudo igual mesmo, demos uma olhada no dos normais.
Nós vimos vários símbolos esquisitos e diferentes, incluindo até uma estrela vermelha do comunismo. Mas o que mais se repetia era a cruz ortodoxa:
Depois disso, ficamos passeando pelos parques e observando o pessoal. Tinha um chamado Campo de Marte, literalmente, e lá havia uma chama eterna em homenagem aos soldados russos mortos na Segunda Guerra. Do lado ficava os Jardins de Verão, um parque meio fechado e escuro que ficava bem na frente do Palácio de Verão.
Ficamos procurando esse Palácio de Verão por quase uma hora, já que o guia indicava esse lugar como ponto turístico. Mas tava meio difícil de achar, então ficamos rodando e rodando dentro do parque até chegar na segunda e maior pegadinha do dia.
Esse palácio foi decepcionante, mas óbvio que nem chegou perto de estragar o nosso passeio por São Petersbugo. Depois, fomos descobrir que essa cidade havia sido fundada por Pedro o Grande como sua "janela para o oeste". Por isso, ele contratou vários arquitetos e paisagistas ocidentais (franceses, principalmente) para construir os palácios e os prédios do centro que hoje é histórico.
Por isso achamos que em São Petersburgo faltou aquele toque "russo" como esperávamos que ia ser. Isso acabamos encontrando em Moscou, onde passamos três dias que iremos contar a seguir.
Mas por favor, não pensem que não gostamos de lá não. Achamos a cidade maravilhosa e impressionante, tanto pelas suas construções como pelo pouco que conhecemos do seu povo e da sua história.
Da estação, nos despedimos da cidade e pegamos o trem noturno para a capital, 600 quilômetros ao sul.
terça-feira, 30 de outubro de 2007
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Dia 33 e 34 - Estocolmo
15 e 16 de outubro
Se já era legal o fato de que a capital da Dinamarca ficava numa ilha, imagine então a da Suécia, que é totalmente constituída por um arquipélago de meros cinquenta e dois pedaços de terra boiantes interligados por centenas de pontes de pedestre, carro e trem em todas as direções.
Sentiu o drama? Pois então, assim é Estocolmo.
Exibir mapa ampliado
Estocolmo foi a terceira e última cidade que nós visitamos na Escandinávia, e talvez a nossa favorita. Essa história das ilhas não é brincadeira não; seus 1 milhão e 300 mil habitantes têm que conviver com a rotina diária de cruzar um punhado de ilhas para ir a qualquer lugar. Dá só uma olhada:
Nossa primeira alegria em Estocolmo foi o nosso albergue. Como uma imagem vale mais do que mil palavras, vai aí uma foto do lugar onde ficamos:
Sim!! Um barco!! Hahaha, foi realmente uma experiência legal dormir dentro de um lugar desses, mesmo considerando o calorzão abafado que fazia dentro do quarto. Toda a decoração era a rigor, e o melhor era que janela dava pro mar.
O legal disso tudo é que esse albergue ficava o mais próximo possível da ilha de Staden, a mais interessante de Estocolmo por ser onde ficava o centro histórico (Gamla Stan, em sueco).
É óbvio que tudo fica mais bonito quando você está dormindo num barco no meio da cidade, mas o Gamla Stan era realmente espetacular.
Foi principalmente esse centro histórico que fez a gente gostar tanto dessa cidade. Para ir para todos esses lugares que turista vai, ou você via o Gamla Stan de longe ou você tinha que passar por dentro dele, o que era igualmente lindo. Se não fosse pelas centenas de lojas de souvenir e pelas outras centenas de turistas que cruzavam as ruelas históricas, dava até a impressão que o tempo tinha parado há séculos.
Os pontos turísticos de verdade no Gamla Stan são poucos, já que a ilha era pequena e tudo que tinha lá era espremido pra caber mais coisa. Tinha uma praça bonitinha chamada Stortorget, cheia de prédios estilo Bruges e banquinhos pro pessoal sentar.
Meio quarteirão pro norte ficava o Palácio Real, ou Kungliga Slottet. Ele foi construído em 1754, e até hoje é a residência de inverno da família real sueca (é isso mesmo, a Suécia é uma monarquia também). O Kungliga Slottet está no rol dos maiores palácios de toda a Europa, e não é por menos que ele é a construção mais imponente por ali.
Por hironia do destino, chegamos lá bem na hora da Troca da Guarda sem saber de nada. Só vimos um monte de japa amontoado na frente dos guardinhas e aí que fomos descobrir.
Essa foi mais legal do que a de a de Londres, talvez pelo simples motivo que conseguimos enxergar o que estava acontecendo (em Londres isso era absolutamente impossível, devido à quantidade de gente pendurada nas grades tentando tirar foto). Mas que mesmo assim foi uma besteirada pra quem não tem nada o que fazer isso foi, hehehe.
Ficamos andando por ali um tempo, e depois decidimos explorar as ilhas adjacentes. De um lado, nas pequenas Skeppesholmem e Kastellholmen (holmem é ilha em sueco, ou pelo menos parece ser), encontramos uma igrejinha e uma espécie de castelo. Dos dois, a igreja era a mais bonita.
Do outro lado, encontramos o que talvez seja a menor ilha do mundo! Não sabemos quem é o dono desse prédio, mas que deve ser legal ter uma ilha bem no meio da capital da Suécia só pra você ninguém pode negar :)
Do lado desse prédinho, em Riddarholmen (Ilha do Rei, em sueco), fica a Riddarholmskyrkan. A história dessa igreja é legal: sua parte mais antiga foi construída no século 13 por monges franciscanos e ela se tornou luterana após a Reforma Protestante, mas durante todo esse tempo ela vem sido o local de enterro da realeza sueca. Praticamente todos os monarcas desde 1290 até 1950 foram enterrados lá.
A igreja estava fechada para visitação, mas isso pouco importou. O mais legal mesmo era continuar admirando o Gamla Stan desse outro lado da cidade.
Numa das ilhas maiores, chamada Kungsholmen, fica o prédio da prefeitura (Stadshuset). Por fora, o prédio é grandioso, mas não muito ornamentado. É lá que ocorre todo ano o banquete de entrega do Prêmio Nobel.
Entramos lá dentro, e o mais impressionante mesmo era a vista em direção ao mar e às outras ilhas que talvez foi a mais bonita do dia.
Um pouco mais ao norte encontramos o grande centro comercial da cidade, uma praça chamada Sergels Torg. Ela foi construída logo após o término da Segunda Guerra Mundial, numa tentativa de planejadores urbanos modernistas de criar um marco central pra cidade, como se fosse uma espécie de Praça Sete.
Hoje a Sergels Torg está cheio de lojas e prédios espelhados, e um obelisco de vidro de 37 metros de altura caracteriza o local.
Também é legal conhecer esse outro lado mais moderno da cidade, que em Estocolmo fica completamente separado da parte histórica. Talvez o ponto de ligação mais emblemático entre esses dois mundos seja uma rua de pedestres chamada Drottninggatan.
A Drottninggatan começa ao norte na própria Sergels Torg, e vai descendo em direção ao sul entre grandes prédios comerciais e tendas de souvenirs até atravessar os belos arcos do Parlamento sueco (Riksdag), chegando assim na ilha de Staden e no Gamla Stan.
E o nosso relato sobre Estocolmo em geral acaba aqui. Não sabemos se conseguimos transmitir direito a nossa sensação em relação a cada cidade que visitamos na Escandinávia, já que só ficar vendo as fotos mais bonitas não é a mesma coisa de passar o dia inteiro passeando pelas ruas e vendo as pessoas. Talvez isso explique porque achamos Dublin sem graça mas vários comentários falavam que ela parecia ser linda, já que vocês só viram as fotos dos lugares mais bonitos, não é verdae?
Justamente por isso podemos dizer que gostamos das três, mas de Estocolmo em especial. É incrível a beleza do Gamla Stan, e também a sua posição em relação ao resto da cidade. Onde quer que estivéssemos, estávamos sempre de frente para um tanto de prédios históricos, pintados e charmosos na beira do mar. Acho que a nossa lembrança da Suécia vai ser exatamente essa, mais ou menos como mostra essa foto:
De Estocolmo, partimos para a velha e fria Rússia. Mais detalhes no próximo capítulo...
Se já era legal o fato de que a capital da Dinamarca ficava numa ilha, imagine então a da Suécia, que é totalmente constituída por um arquipélago de meros cinquenta e dois pedaços de terra boiantes interligados por centenas de pontes de pedestre, carro e trem em todas as direções.
Sentiu o drama? Pois então, assim é Estocolmo.
Exibir mapa ampliado
Estocolmo foi a terceira e última cidade que nós visitamos na Escandinávia, e talvez a nossa favorita. Essa história das ilhas não é brincadeira não; seus 1 milhão e 300 mil habitantes têm que conviver com a rotina diária de cruzar um punhado de ilhas para ir a qualquer lugar. Dá só uma olhada:
Nossa primeira alegria em Estocolmo foi o nosso albergue. Como uma imagem vale mais do que mil palavras, vai aí uma foto do lugar onde ficamos:
Sim!! Um barco!! Hahaha, foi realmente uma experiência legal dormir dentro de um lugar desses, mesmo considerando o calorzão abafado que fazia dentro do quarto. Toda a decoração era a rigor, e o melhor era que janela dava pro mar.
O legal disso tudo é que esse albergue ficava o mais próximo possível da ilha de Staden, a mais interessante de Estocolmo por ser onde ficava o centro histórico (Gamla Stan, em sueco).
É óbvio que tudo fica mais bonito quando você está dormindo num barco no meio da cidade, mas o Gamla Stan era realmente espetacular.
Foi principalmente esse centro histórico que fez a gente gostar tanto dessa cidade. Para ir para todos esses lugares que turista vai, ou você via o Gamla Stan de longe ou você tinha que passar por dentro dele, o que era igualmente lindo. Se não fosse pelas centenas de lojas de souvenir e pelas outras centenas de turistas que cruzavam as ruelas históricas, dava até a impressão que o tempo tinha parado há séculos.
Os pontos turísticos de verdade no Gamla Stan são poucos, já que a ilha era pequena e tudo que tinha lá era espremido pra caber mais coisa. Tinha uma praça bonitinha chamada Stortorget, cheia de prédios estilo Bruges e banquinhos pro pessoal sentar.
Meio quarteirão pro norte ficava o Palácio Real, ou Kungliga Slottet. Ele foi construído em 1754, e até hoje é a residência de inverno da família real sueca (é isso mesmo, a Suécia é uma monarquia também). O Kungliga Slottet está no rol dos maiores palácios de toda a Europa, e não é por menos que ele é a construção mais imponente por ali.
Por hironia do destino, chegamos lá bem na hora da Troca da Guarda sem saber de nada. Só vimos um monte de japa amontoado na frente dos guardinhas e aí que fomos descobrir.
Essa foi mais legal do que a de a de Londres, talvez pelo simples motivo que conseguimos enxergar o que estava acontecendo (em Londres isso era absolutamente impossível, devido à quantidade de gente pendurada nas grades tentando tirar foto). Mas que mesmo assim foi uma besteirada pra quem não tem nada o que fazer isso foi, hehehe.
Ficamos andando por ali um tempo, e depois decidimos explorar as ilhas adjacentes. De um lado, nas pequenas Skeppesholmem e Kastellholmen (holmem é ilha em sueco, ou pelo menos parece ser), encontramos uma igrejinha e uma espécie de castelo. Dos dois, a igreja era a mais bonita.
Do outro lado, encontramos o que talvez seja a menor ilha do mundo! Não sabemos quem é o dono desse prédio, mas que deve ser legal ter uma ilha bem no meio da capital da Suécia só pra você ninguém pode negar :)
Do lado desse prédinho, em Riddarholmen (Ilha do Rei, em sueco), fica a Riddarholmskyrkan. A história dessa igreja é legal: sua parte mais antiga foi construída no século 13 por monges franciscanos e ela se tornou luterana após a Reforma Protestante, mas durante todo esse tempo ela vem sido o local de enterro da realeza sueca. Praticamente todos os monarcas desde 1290 até 1950 foram enterrados lá.
A igreja estava fechada para visitação, mas isso pouco importou. O mais legal mesmo era continuar admirando o Gamla Stan desse outro lado da cidade.
Numa das ilhas maiores, chamada Kungsholmen, fica o prédio da prefeitura (Stadshuset). Por fora, o prédio é grandioso, mas não muito ornamentado. É lá que ocorre todo ano o banquete de entrega do Prêmio Nobel.
Entramos lá dentro, e o mais impressionante mesmo era a vista em direção ao mar e às outras ilhas que talvez foi a mais bonita do dia.
Um pouco mais ao norte encontramos o grande centro comercial da cidade, uma praça chamada Sergels Torg. Ela foi construída logo após o término da Segunda Guerra Mundial, numa tentativa de planejadores urbanos modernistas de criar um marco central pra cidade, como se fosse uma espécie de Praça Sete.
Hoje a Sergels Torg está cheio de lojas e prédios espelhados, e um obelisco de vidro de 37 metros de altura caracteriza o local.
Também é legal conhecer esse outro lado mais moderno da cidade, que em Estocolmo fica completamente separado da parte histórica. Talvez o ponto de ligação mais emblemático entre esses dois mundos seja uma rua de pedestres chamada Drottninggatan.
A Drottninggatan começa ao norte na própria Sergels Torg, e vai descendo em direção ao sul entre grandes prédios comerciais e tendas de souvenirs até atravessar os belos arcos do Parlamento sueco (Riksdag), chegando assim na ilha de Staden e no Gamla Stan.
E o nosso relato sobre Estocolmo em geral acaba aqui. Não sabemos se conseguimos transmitir direito a nossa sensação em relação a cada cidade que visitamos na Escandinávia, já que só ficar vendo as fotos mais bonitas não é a mesma coisa de passar o dia inteiro passeando pelas ruas e vendo as pessoas. Talvez isso explique porque achamos Dublin sem graça mas vários comentários falavam que ela parecia ser linda, já que vocês só viram as fotos dos lugares mais bonitos, não é verdae?
Justamente por isso podemos dizer que gostamos das três, mas de Estocolmo em especial. É incrível a beleza do Gamla Stan, e também a sua posição em relação ao resto da cidade. Onde quer que estivéssemos, estávamos sempre de frente para um tanto de prédios históricos, pintados e charmosos na beira do mar. Acho que a nossa lembrança da Suécia vai ser exatamente essa, mais ou menos como mostra essa foto:
De Estocolmo, partimos para a velha e fria Rússia. Mais detalhes no próximo capítulo...
domingo, 28 de outubro de 2007
Dia 32 - Oslo
14 de outubro
Depois de atravessar o Mar Báltico e metade da Suécia de trem, finalmente chegamos em Oslo.
Exibir mapa ampliado
Oslo é a capital da Noruega, e a menor das três que iríamos visitar na Escandinávia. A população total é cerca de 600 mil habitantes, todos loirinhos e branquinhos como todo bom e velho norueguês, não é verdade?
Não!!! Chegamos na cidade à noitinha, lá pelas 8 da noite, e fomos caminhando da estação de trem até o albergue. No nosso caminho de cerca de 20 minutos, o que mais nos chamou atenção foi a quantidade de imigrantes que encontramos e a de branquelos que não encontramos. Depois fomos saber que quase 30% da população de Oslo é imigrante, sendo que a maioria é de origem indiana, paquistanesa e africana.
Mas a mais agradável surpresa foi quando fomos comprar nosso primeiro lanche em terras norueguesas. Já ouvimos dizer várias vezes que Paris é a cidade mais cara da Europa, mas depois de Oslo tá difícil acreditar. Fomos no lugar mais barato que o guia nos indicava, uma lanchonete fulerinha comandada por dois indianos. Pedimos um x-burger, um sanduíche de carne picotada (o famoso kebab) e uma coca, que saíram pela bagatela de 120 coroas (aproximadamente 12 euros, ou um pouco mais de 25 reais). E olha que nem foi em zona turística, foi no meio de um bairro residencial e num dos lugares mais baratos da cidade.
Bom, mas não nos deixamos desanimar por meras questões financeiras e fomos passear bem cedo no outro dia. Como Oslo é pequena, a maioria dos pontos turísticos fica perto um dos outros, e fizemos tudo andando mesmo.
O primeiro lugar que fomos foi o Castelo e Fortaleza de Akershus.
Akershus fica bem na beira do mar, na entrada do porto principal da cidade. A fortaleza foi construída ali em pleno século XIII, e com o crescimento do império viking acabou sofrendo uma ampliação e dando lugar a um grande castelo. Em 1624, um incêndio acabou queimando tudo e o complexo foi reconstruído como um palácio renascentista.
O lugar é bem grande e bem bonito, tudo construído num estilo rústico que combinava perfeitamente com a vegetação do local. Aliás, era essa segunda o que mais se destacava, graças à linda coloração típica do outono. Olha só:
De lá, caminhamos pelo centro da cidade até o Palácio Real. Oslo não tem um centro histórico ou Old Town separado, mas a beleza das ruas da região central mais do que compensa.
O Palácio Real fica no meio de um parque chamado Slottsparken, no coração da cidade. A caminhada até lá foi bonita mas o palácio em si não tem nada de mais. O pior mesmo era a terra marrom bem na frente do prédio. Custava plantar uma graminha?
Saindo do Palácio, fomos aproveitar o fato de que era domingo e visitamos dois museus - que em Oslo são de graça nesse dia da semana. O primeiro e mais legal foi a Galera Nacional de Arte (galeria é museu?), que exibe vários quadros e esculturas famosas, desde Monet até Picasso, passando por Van Gogh e talvez pelo único pintor noruguês de renome internacional, Edvard Munch.
Talvez seja difícil lembrar só pelo nome, mas é dele aquele famoso quadro "O Grito", que estava exposto na galeria.
O segundo museu foi o Museu da História Norueguesa. Esse prometia pelo nome, mas acabou decepcionando no final das contas. As exibições eram bem mixurucas, e a grande maioria dos textos estavam apenas em norueguês. Foi meio pegadinha, digamos assim.
Mas não se desesperem, pois a melhor parte de Oslo ainda estava pra chegar. Caminhamos uns vinte minutos para chegar no belíssimo Vigelandsparken, um parque de esculturas idealizado e criado pelo artista norueguês Gustav Vigeland (1869 - 1943).
O parque tem mais de 200 esculturas em menos 80 acres, cada uma representando um estágio do ciclo de vida humano. Todas foram criadas e posicionadas pelo próprio Vigeland. O lugar é simplesmente magnífico.
O mais legal é como esse cara conseguiu dar tanta beleza a cenas tão normais do dia a dia. O movimento e a emoção presente em cada uma das obras é impressionante. Também é legal como tudo ficava tão mais bonito com a vegetação de outono ao fundo.
Bem no meio do parque fica um enorme monolito de corpos amontoados, e ao redor outras dezenas de esculturas que tinham como tema a relação entre pais e filhos. Dava vontade de parar e ficar meia hora em cada uma, sem exagero.
No final do dia, fomos dar uma passeada pelo porto, que é cheio de lojas meio carinhas e restaurantes. A vista é bonita, mas o que mais chama atenção é o Castelo Arkeshus (aquele onde passeamos pela manhã), que fica bem ali do outro lado.
Assim nos despedimos de Oslo, e partimos no trem noturno para nossa última cidade escandinava...
Depois de atravessar o Mar Báltico e metade da Suécia de trem, finalmente chegamos em Oslo.
Exibir mapa ampliado
Oslo é a capital da Noruega, e a menor das três que iríamos visitar na Escandinávia. A população total é cerca de 600 mil habitantes, todos loirinhos e branquinhos como todo bom e velho norueguês, não é verdade?
Não!!! Chegamos na cidade à noitinha, lá pelas 8 da noite, e fomos caminhando da estação de trem até o albergue. No nosso caminho de cerca de 20 minutos, o que mais nos chamou atenção foi a quantidade de imigrantes que encontramos e a de branquelos que não encontramos. Depois fomos saber que quase 30% da população de Oslo é imigrante, sendo que a maioria é de origem indiana, paquistanesa e africana.
Mas a mais agradável surpresa foi quando fomos comprar nosso primeiro lanche em terras norueguesas. Já ouvimos dizer várias vezes que Paris é a cidade mais cara da Europa, mas depois de Oslo tá difícil acreditar. Fomos no lugar mais barato que o guia nos indicava, uma lanchonete fulerinha comandada por dois indianos. Pedimos um x-burger, um sanduíche de carne picotada (o famoso kebab) e uma coca, que saíram pela bagatela de 120 coroas (aproximadamente 12 euros, ou um pouco mais de 25 reais). E olha que nem foi em zona turística, foi no meio de um bairro residencial e num dos lugares mais baratos da cidade.
Bom, mas não nos deixamos desanimar por meras questões financeiras e fomos passear bem cedo no outro dia. Como Oslo é pequena, a maioria dos pontos turísticos fica perto um dos outros, e fizemos tudo andando mesmo.
O primeiro lugar que fomos foi o Castelo e Fortaleza de Akershus.
Akershus fica bem na beira do mar, na entrada do porto principal da cidade. A fortaleza foi construída ali em pleno século XIII, e com o crescimento do império viking acabou sofrendo uma ampliação e dando lugar a um grande castelo. Em 1624, um incêndio acabou queimando tudo e o complexo foi reconstruído como um palácio renascentista.
O lugar é bem grande e bem bonito, tudo construído num estilo rústico que combinava perfeitamente com a vegetação do local. Aliás, era essa segunda o que mais se destacava, graças à linda coloração típica do outono. Olha só:
De lá, caminhamos pelo centro da cidade até o Palácio Real. Oslo não tem um centro histórico ou Old Town separado, mas a beleza das ruas da região central mais do que compensa.
O Palácio Real fica no meio de um parque chamado Slottsparken, no coração da cidade. A caminhada até lá foi bonita mas o palácio em si não tem nada de mais. O pior mesmo era a terra marrom bem na frente do prédio. Custava plantar uma graminha?
Saindo do Palácio, fomos aproveitar o fato de que era domingo e visitamos dois museus - que em Oslo são de graça nesse dia da semana. O primeiro e mais legal foi a Galera Nacional de Arte (galeria é museu?), que exibe vários quadros e esculturas famosas, desde Monet até Picasso, passando por Van Gogh e talvez pelo único pintor noruguês de renome internacional, Edvard Munch.
Talvez seja difícil lembrar só pelo nome, mas é dele aquele famoso quadro "O Grito", que estava exposto na galeria.
O segundo museu foi o Museu da História Norueguesa. Esse prometia pelo nome, mas acabou decepcionando no final das contas. As exibições eram bem mixurucas, e a grande maioria dos textos estavam apenas em norueguês. Foi meio pegadinha, digamos assim.
Mas não se desesperem, pois a melhor parte de Oslo ainda estava pra chegar. Caminhamos uns vinte minutos para chegar no belíssimo Vigelandsparken, um parque de esculturas idealizado e criado pelo artista norueguês Gustav Vigeland (1869 - 1943).
O parque tem mais de 200 esculturas em menos 80 acres, cada uma representando um estágio do ciclo de vida humano. Todas foram criadas e posicionadas pelo próprio Vigeland. O lugar é simplesmente magnífico.
O mais legal é como esse cara conseguiu dar tanta beleza a cenas tão normais do dia a dia. O movimento e a emoção presente em cada uma das obras é impressionante. Também é legal como tudo ficava tão mais bonito com a vegetação de outono ao fundo.
Bem no meio do parque fica um enorme monolito de corpos amontoados, e ao redor outras dezenas de esculturas que tinham como tema a relação entre pais e filhos. Dava vontade de parar e ficar meia hora em cada uma, sem exagero.
No final do dia, fomos dar uma passeada pelo porto, que é cheio de lojas meio carinhas e restaurantes. A vista é bonita, mas o que mais chama atenção é o Castelo Arkeshus (aquele onde passeamos pela manhã), que fica bem ali do outro lado.
Assim nos despedimos de Oslo, e partimos no trem noturno para nossa última cidade escandinava...
Assinar:
Postagens (Atom)