domingo, 30 de setembro de 2007

Dias 16 e 17 - South Beach

28 e 29 de setembro

Enquanto Cancún era o México para os americanos, Miami é meio que o contrário. É raro escutar alguém falando inglês sem sotaque. O idioma oficial parece ser o espanhol: nas bancas de revista, nos supermercados, nas livrarias ou em qualquer outro lugar, encontra-se tudo na língua latina. E a sessão dos materiais em inglês acaba ficando num cantinho, meio que escondida, como se estivesse ali só para lembrar que ainda estávamos nos Estados Unidos.

A cidade é mais ou menos assim:


Exibir mapa ampliado

A primeira bolinha azul é o centro. Lá ficam os grandes prédios comerciais, e o pessoal mora dali pro oeste. A outra bolinha azul é o local que dá a Miami a fama que ela tem: South Beach. É lá onde fica tudo: as melhores praias, as melhores boates, os melhores restaurantes, as ruas mais bonitas... E claro, nós estávamos lá também.

Washington Street em South Beach

O hotel ficava bem no meio de tudo, a apenas dois quarteirões da praia, que não deixava nada a dever para as praias brasileiras.

E foi lá mesmo que quase todo o tempo que tivemos em Miami. E valeu a pena :)

South Beach

Mendigo tomando sol

Ah, um lugar que a gente não poderia deixar de ter ido é o estúdio de tatuagens que é famoso no mundo inteiro por causa da série de TV "Miami Ink", que no Brasil é transmitida pelo canal "People and Arts". O estúdio existe de verdade, e ficava a apenas 2 quarteirões do nosso hotel. Até entramos lá dentro pra conferir, e é realmente igualzinho ao da TV. Só faltou os caras do show mesmo, porque só vimos desconhecidos lá dentro, mas foi divertido mesmo assim, hehehe.

Estúdio por fora

E por dentro

No final das contas, acabamos mais descansando do que passeando mesmo em Miami. Mas foi pra isso mesmo que a gente decidiu ir pra lá, então esteve tudo muito bem (tirando os malucos que conhecemos no albergue que são dignos de tese de mestrado em antropologia).

Vai aí uma fotinha nossa na praia pra finalizar:


sábado, 29 de setembro de 2007

Dia 15 - Miami

27 de setembro

Este dia era considerado desde o ínicio o dia-chave para o sucesso da nossa viagem: o reingresso aos Estados Unidos com o mesmo visto de trabalho que tínhamos antes, há apenas 4 dias da data de vencimento (1 de outubro).

É claro que pesquisamos bastante antes de sair dos EUA pra ir pro México, e todas as nossas fontes disseram que não haveria problema. Mesmo assim, ainda dá aquele medinho. Por isso, ensaiamos algumas frases, rezamos alguns pai-nossos e deixamos preparados todos os papéis que comprovariam as nossas intenções caso o ofical da imigração encrencasse.

Mas a grande surpresa do dia veio antes. Ao embarcarmos no avião que sairia de Cancún pra Miami, fomos procurar nossos assentos, como sempre. Eram o 3A e o 3B. Passamos direto pela classe executiva, lógico, mas assim que chegamos na econômica percebemos que a primeira fileira já era a 8. Já fomos logo pensando que alguma coisa tava errado com os nossos canhotos e fomos em direção à aeromoça perguntar o que devíamos fazer.

Foi nessa hora que percebemos que o 3A e o 3B eram os primeiros assentos do avião, na classe executiva mesmo. Ficamos meio sem acreditar, mas ainda checamos na confirmação da American Airlines que havíamos impresso antes e realmente o nosso assento era ali mesmo, no meio dos poderosos. O porquê ainda não sabemos, mas que foi agradável foi :)

Daí depois disso foi só alegria. Na imigração, pegamos o oficial de imigração mais gente fina da história que nem quis saber porque estávamos reentrando no país com apenas 4 dias restante de visto. Depois, descobrimos que o nosso albergue fica numa rua bem arrumadinha a apenas dois quarteirões da praia, ao invés de 5 quilômetros como era em Cancún.

Deu até tempo de dar uma passadinha lá pra conferir como era. O Atlântico aqui é bem clarinho também, não igual o Caribe, claro, mas também é bem bonito. Aí vão algumas fotos:

Rua "Española Way", onde fica o albergue

Caminho para a praia (que fica na verdade pro lado contrário)

A dita cuja

Torrezinha do salva-vidas

Menininha brincando no mar

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Dias 12, 13 e 14 - Cancún

24, 25 e 26 de Setembro

No total, passamos 3 dias em Cancún. Dois e meio, já que no primeiro chegamos tarde e só deu tempo de ver o pôr-do-sol na praia.

Considerando que gastamos todas as manhãs e todas as noites terminando os planos, reservando hotéis e comprando os vôos para a parte européia da viagem (e isso leva tempo, acreditem), tivemos duas tardes para aproveitar as famosas praias do Mar do Caribe.



Cancún é composta por duas partes: a cidade, que fica no continente, e a Zona Hotelera, que é uma estreita faixa de terra que sai da península em direção ao oceano e a reecontra 10 quilômetros depois ao sul, delimitando uma lagoa em seu interior.

Nós ficamos no centro da cidade mesmo, num albergue, e tínhamos que pegar ônibus toda vez que quiséssemos ir à praia (que fica na Zona Hotelera).


Nossas impressões:

1) O mar é lindo. A água parece mentira, é claríssima, cor de céu. Mas isso é só mais pra perto da areia, porque mais pro fundo ela vai ficando azul-escura por causa das algas.

2) Ir pra praia lá é um saco. Quer dizer, isso se você não estiver ficando em um dos milhares de resorts pelo qual Cancún é famosa. Eles bloqueiam toda a praia e é difícil encontrar uma entrada. Além disso, eles são a única opção de acomodação perto da praia. Ou seja, se você não quiser gastar uma fortuna, dá-lhe busão, hehehe :)

3) O americanismo de lá é incrível. As placas no centro são todas em espanhol e inglês, mas na Zona Hotelera a grande maioria é só em inglês mesmo. Passando por lá de dentro do ônibus, até dava a impressão que estávamos nos Estados Unidos. A quantidade de gringo que encontramos lá também foi impressionante. Bastante americano, mas havia muitos europeus também, principalmente franceses.

4) São Pedro é um saco. Era só a gente decidir ir pra praia que ele já armava umas nuvens negras que esperavam a gente chegar lá pra começar a chover.

Mas a gente curtiu assim mesmo (até tiramos onda nas mesinhas de um dos resorts da Zona Hotelera). Não tem muita foto, porque ficar levando câmera pra praia é um saco, mas tem algumas.


quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Dia 12 - Chichén Itzá

É, realmente este post demorou. É que gastamos todas nossas últimas horas de internet (pelo menos umas 10h somente hoje) terminando os últimos detalhes do planejamento da viagem da Europa. Agora, com tudo acertado, voltamos ao blog, contando como foi anteontem, ontem e hoje.

23 de setembro

Chichén Itzá é sem dúvida o sítio arqueológico mexicano mais famoso mundialmente. Pra chegar lá, pegamos um ônibus em Tulum que nos deixou bem na entrada. Seria ótimo, se não fosse pelo detalhe que a cidade onde estão todos os hotéis fica a 45 minutos a pé de lá.

Mas não teve problema; andamos os 45 minutos carregando as mochilas e deixamos tudo no hotel. Vale a pena mostrar como era o lugar; como em cidade pequena tudo é mais barato, ficamos num bangalô todo estilizado, assim ó:

Por fora

E por dentro

Bom, almoçamos, caminhamos tudo de novo e voltamos para as ruínas. Chegando lá, a primeira impressão foi: "Que quantidade de gringo é essa?". O lugar estava simplesmente abarrotado de turistas. Tá certo que era domingo, mas isso foi realmente inesperado, já que em praticamente todos os sítios arqueológicos que fomos até agora no México não encontramos nem 1/4 da quantidade de visitantes que havia em Chichén Itzá.

Pagamos o ticket um tanto quanto salgado (90 pesos, cerca de 20 reais) e entramos. Logo no começo, demos de cara com o prédio mais famoso do local: "El Castillo".

"El Castillo" ou "Pirâmide de Kukulcán"

Realmente esse prédio é impressionante. Cada lado da pirâmide possui 91 degraus, que somados com a plataforma superior dá 365, o número de dias do nosso calendário. Lá no topo, existem 52 painéis esculpidos nas pedras, que corresponde ao número de anos necessários para o calendário normal de 365 dias (usado pelos maias para a agricultura) coincidir com o outro de 260 (utilizado para motivos ritualísticos).

Mas o mais legal de tudo é o que acontece lá nos equinócios de primavera e outono. O templo foi tão exatamente construído que nesses dois dias, quando o sol cruza a linha do Equador, a sombra dos patamares do templinho lá de cima se projeta em uma das escadarias e, seguindo o deslocamento do astro, se mexe como se uma serpente estivesse subindo (primavera) ou descendo (outono) as escadas.

Porque serpente? Porque ela é a representação de Kukulcán (Quetzacoátl, para os astecas, aquele do palácio lá de Teotihuacán), o deus para quem a pirâmide é dedicada. E quando foi o último equinócio? Bem no dia 21 de setembro, 2 dias antes da nossa visita... Bom que assim ficamos mais espertos e pesquisamos melhor antes de planejar as viagens, hehe :)

E o que mais tem em Chichén Itza? Bom, tem o Cenote dos Sacrifícios.
Cenote dos Sacrifícios

Cenote significa caverna ou poço natural de água, coisa comum no solo poroso aqui de Yucatán. Lá, os maias sacrificavam homens e crianças para que o deus dos cenotes protegesse os vários outros cenotes que existem na região, que eram as principais fontes de água existentes na região.

Lá dentro, foram encontrados vários tesouros, esqueletos e etc, que hoje estão por aí espalhados em museus. Mas grande parte se perdeu porque a lama do cenote foi utilizada para a construção de várias casas perto do local na década de 60, quando o local ainda não era protegido por lei.

Outros lugares:

"Cancha" do jogo da pelota, a maior da Mesoamérica

Templo dos Guerreiros

Grupo das 1000 Colunas

Tava tudo bem legal, mas depois do Grupo das 1000 Colunas, quando nos dirigíamos pro Observatório, o toró caiu. E não foi chuvinha, foi chuva pesada mesmo. E nós ali, no meio da mata, de chinelo e sem guarda-chuva. Mas já que já estávamos molhados, resolvemos continuar com o passeio e ainda deu pra tirar umas fotos rapidinhas, com cuidado pra não molhar a câmera.

Casa de Banho à Vapor

Observatório

No final, encharcados, encurtamos nosso tour, deixamos algumas coisas de lado e fomos embora de táxi pro hotel. A impressão que ficou é que, embora Chichén Itzá realmente seja muito bonito, é bem menos do que Palenque e Teotihuacán. Mas já que é do lado de Cancún, acaba faturando todos os turistas, toda a fama e toda a atenção.

Afinal, que o mundo é injusto todo mundo já sabe.

sábado, 22 de setembro de 2007

Dia 11 - Tulum

22 de setembro

Finalmente, a praia...


E que praia...


Chegamos em Tulum após mais 12 horas viajando durante a noite. A cidade também é pequena, e fica no sudeste da península de Yucatán, virada para o famoso Mar do Caribe. O mar é azulzinho, com ondas bem calmas, areia branca, quase perfeito.

A única coisa que não estava muito boa era o tempo. Quando chegamos, às 8 da manhã, o céu estava todo nublado, com uma chuvinha chata que não parava. Fomos descansar e meio-dia, quando pegamos o ônibus pra praia, o tempo continuava fechado.

Mas isso não teve muito problema, porque praia não era a atração principal do dia. Na verdade, viemos até aqui para ver mais ruínas.

Templo maia em na zona arqueológica de Tulum

Tão quente e úmido quanto Palenque, tudo leva a crer que os maias de Tulum deviam ser muito mais felizes que a maioria. Quanto mais tentávamos prestar atenção nas construções, mais nos apaixonávamos pelo mar. Exagero? Então olha só:

Olha um templo ali...

Outro aqui...

No final, chegamos à conclusão de que essas ruínas não chegam nem aos pés das outras que já vimos. Mas isso é fácil de entender. Morando num lugar desses, quem ia querer gastar tempo construindo templo?

Olha outro aí...

Até que tentamos ir para a praia, mas o tempo não ajudou. Um temporal gigantesco começou assim que saímos da zona arqueológica. Como também não havíamos trazido roupas de banho, acabamos desistindo. Mas não tem problema. Daqui a dois dias estaremos em Cancún, que segundo as más línguas não perde em nada para Tulum.

Amanhã saímos cedo pra Chichen Itzá, pra conferir se o título de uma das 7 novas maravilhas do mundo é justo. Abraço!

Dia 10 - Palenque

21 de setembro
Palenque foi uma aventura à parte na nossa viagem. Chegamos lá depois de 6 horas de ônibus, numa estradinha sinuosa, curva atrás de curva, subindo e descendo. Ou seja, com o estômago em frangalhos. Depois, nem fizemos check-in em nenhum hotel. Apenas deixamos a bagagem no guarda-volumes e compramos nossa passagem para Tulum (nosso próximo destino) pro mesmo dia, às 8 da noite.

O calor que fazia lá era praticamente insuportável. A cidade é pequena e fica no meio da floresta (literalmente). Saímos da rodoviária, comemos uma coisinha rápida e pegamos uma kombi pro sítio arqueológico de Palenque, que pra falar a verdade não estávamos botando muita fé.

Mas ao chegar lá, ficamos de cara.

Templo da Cruz e Praça do Sol

Diferente de tudo que a gente já tinha visto até agora, Palenque foi um dia uma cidade maia. Pra quem não lembra direito das aulas de geografia, os maias criaram um império que ocupou o que hoje se chama Península de Yucatán, no sul do México, Honduras, Belize, Guatemala e outros países da América Central.

Assim, as antigas cidades maias que ainda existem hoje estão todas localizadas no meio da floresta tropical, que é o tipo de vegetação predominante nessa área. E é a mistura entre a selva e as construções que faz Palenque ser impressionante do jeito que é.

Vista do topo do Templo da Cruz

O maior prédio do complexo é chamado Templo das Inscrições. O prédio possui 69 degraus, um para cada ano do reinado do rei Pacal (que começou mais ou menos no 610 D.C.). Pacal foi o rei que mais tempo durou no poder em Palenque e um dos maiores responsáveis pelas grandes construções que até hoje lá existem.

Templo das Inscrições

Mas de longe, a construção mais impressionante é o Palácio, ex-residência da elite governante da cidade. O edifício ainda está muito bem conservado, e dá para diferenciar todos os espaços da antiga residência real: o jardim, os quartos, as salas, o observatório, e as inacreditáveis passagens subterrâneas que ligam vários cômodos da casa.

Ruínas na parte superior e torre de observação astronômica

Pátio Principal
Sistema de corredores subterrâneos

O calor no lugar é tanto que os maias tinham até um deus da brisa. O nome não sabemos, mas o símbolo é algo como um "T" que inclusive é a forma do sistema de ventilação utilizado para refrescar o interior dos prédios.

Sistema de ventilação

Depois de quase 3 horas nas ruínas, entrando em túnel e subindo escada, estávamos bem cansados. Mas valeu a pena :)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Dia 9 - San Cristóbal de Las Casas

20 de setembro

San Cristóbal é uma cidade pequena, no topo da serra do estado de Chiapas. Chegamos aqui depois de uma viagem noturna de 12 horas. Viemos para o hotel, descansamos um pouco e saímos para conhecer a cidade.

Calle 20 de Noviembre

O que encontramos? Bom, basicamente três coisas: hippies, gringos e muitos, muitos índios. Na verdade, Chiapas é meio que o reduto indígena do México. Esse estado fica bem no sul do país, no meio da floresta tropical, e justamente por isso é pouco urbanizado.

Quando os espanhóis chegaram aqui, eles primeiro derrotaram todos os chefes indígenas para mostrar sua superioridade bélica. Depois fundaram sua cidade numa zona central, em meio a todos os povoados índios, e a chamaram San Cristóbal. E daqui, iam semanalmente cobrar tributos junto aos índios, e depois voltavam para o seu lar seguro.

Desse modo, a miscigenação nessa região foi pequena, e a quantidade de índios que hoje vêm para a cidade vender seus artesanatos é enorme.

Barracas e índia carregando criança ao fundo

A resistência cultural desse povo é incrível. Mesmo as crianças conversam entre si utilizando sua língua própria, e não o espanhol. Entre as senhoras então, nem se fala. Praticamente todas utilizam uma vestimenta típica, que é uma saia preta feita da pele de algum animal peludo, chales coloridos e trancinha no cabelo.

Feirinha, Bela e índias ao fundo

Essa feira principal ficava em frente a um dos principais pontos turísticos da cidade, que é a Igreja de Santo Domingo. Embora meio mal-convservada por dentro, ainda é bem bonita for fora.

Igreja de Santo Domingo

Inclusive, cabe aqui um parênteses. Atraídos pela abundante expressão da cultura indígena existente na região, vários extrangeiros vêm para San Cristóbal para visitar os povoados indígenas fora da cidade. Como achamos meio chato esse negócio de ser gringo e ficar tirando foto de índio, resolvemos ficar só por aqui mesmo, mas vale a pena falar um pouco sobre uma dessas vilas, chamada Chetumal.

Lá, embora ainda exista uma igreja e vários fieis, a última missa católica celebrada foi em 1968. Nesse ano, os locais expulsaram o padre da cidade e desde então celebram seu próprio ritual, um sincretismo entre as religiões maia antiga e a católica. Quem celebra a missa são os curandeiros da vila, que também são os primeiros a prestar socorro caso alguém esteja doente. Caso os métodos milenares da medicina maia falhem, aí sim os locais procuram o posto de saúde do governo existente na cidade. Maluquice, não?

Como ficamos sabendo disso tudo? Principalmente através dos dois museus que visitamos aqui: o Centro Cultural de los Altos de Chiapas, que explicava toda a história da região de Chiapas e o Museu Na-Bolom, antiga residência de um casal de antropólogos dinamarqueses que estudou na década de 50 as tribos indígenas na floresta tropical de Chiapas, quase na fronteira com a Guatemala.

Folheto de catequização do século XVIII exposto no Centro Cultural de los Altos de Chiapas

Pátio da casa dos tais arqueólogos

Amanhã sairemos pra Palenque, onde existem ruínas maias que dizem ser interessantes. Abraços!

Dia 8 - Oaxaca e Monte Albán

19 de setembro

Como nosso próximo destino estava a 12 horas de ônibus de Oaxaca, decidimos pegar o ônibus durante a noite do dia 19. Então acabamos ficamos sem teto por um dia. Já as mochilas tiveram um pouco mais de sorte: depois de pagar 20 pesos e convencer a mal-humorada atendente do hotel, pudemos deixá-las no mesmo lugar que dormimos na noite passada.

Saímos então somente com duas mochilinhas contendo água, o guia e a câmera fotográfica. Nosso destino principal eram as ruínas de Monte Albán, que ficam a meia hora de ônibus da cidade. Entretanto, nossa primeira parada foi no Museu das Culturas de Oxaca.

Patio central do Museu

Construído no antigo convento dos monges dominicanos, o museu contém a maior parte dos objetos encontrados em Monte Albán em anos de excavação arqueológica. De longe, os mais impressionante são as peças do tesouro encontrado dentro da chamada "Tumba 7". Não se sabe qual dos inúmeros povos que habitaram Monte Albán fabricaram tais peças, mas a sua maestria com materias como ouro, prata, jade e turquesa misturada com a temática religiosa (e muitas vezes macabra) presente nas peças é simplesmente incrível.

Colares, braceletes e medalhões de ouro (detalhe para a aranha que relembra um coração humano)

Alargadores de orelha e outros objetos feitos de jade

Crânio decorado com pequenos ladrilhos de turquesa

A sua importância para o entendimento das culturas pré-colombianas também foi crucial. Antes, sabia-se da existência de materiais preciosos como ouro e prata trabalhados pelos índios pré-colombianos apenas através de registros tributários feito pelos espanhóis durante os séculos XVI e XVII. E essa é até hoje a única coleção de objetos preciosos encontrada em todo o México. Legal, né?

Depois dessa sala, o museu continuou, continuou, continuou e parecia nunca mais terminar. Com pressa, acabamos visitamos o resto bem rápido, e mesmo assim não deu pra ver tudo. Desistimos depois de duas horas lá dentro e fomos pegar o ônibus para o Monte Albán.

Ruínas de Monte Albán vistas do topo da Plataforma Sul

A história de Monte Albán é a seguinte: construídas por um povo que ninguém sabe quem foi há muito tempo atrás (cerca de 200 A.C.), esses prédios foram ocupados permanentemente por quase um milênio. Depois, não se sabe o que aconteceu, mas essa civilização desconhecida entrou em crise e acabou abandonando o lugar. Vários outros povos chegaram e lá viveram um tempo, como os zapotecas, os mixtecas e finalmente os astecas, que chamaram o lugar de Huāxyacac ("Na ponta do huaje", planta típica da regiao). Daí vem o nome do estado onde hoje as ruínas se encontram, Oaxaca.

Tá certo que Monte Albán não possui a mesma grandeza das pirâmides de Teotihuacán. Mas o legal aqui é outra coisa: como os prédios e construções foram mais bem preservados, dá pra diferenciar a função social de cada um. Alguns eram observatórios, outros templos, outros palácios, outros residências das famílias ricas... Assim, ao analisar as fases de crescimento do lugar, pode-se entender pela primeira vez como ocorreu o surgimento das classes e da desigualdade social entre os povos mesoamericanos.

Na foto acima, por exemplo, o prédio central é um observatório, que, contrariando o estilo horizontal e perpendicular predominante em todo o local, foi construído na diagonal, em forma de flecha. O prédio à esquerda, no fundo, é um templo. À direita, ao longo da linha reta, ficavam os prédios residenciais da elite "montealbanesa". E por aí vai.

Quadra do jogo de "pelota" (que era difundido, de acordo com regras e costumes locais, por praticamente todo o México pré-colombiano)

Edifícios à beira da montanha

Vendedores índios (muitos inclusive mal falavam espanhol)

Depois de duas horas percorrendo o lugar, voltamos para Oaxaca e enrolamos até as 9 da noite, quando saiu o nosso ônibus para San Cristóbal.