Como nosso próximo destino estava a 12 horas de ônibus de Oaxaca, decidimos pegar o ônibus durante a noite do dia 19. Então acabamos ficamos sem teto por um dia. Já as mochilas tiveram um pouco mais de sorte: depois de pagar 20 pesos e convencer a mal-humorada atendente do hotel, pudemos deixá-las no mesmo lugar que dormimos na noite passada.
Saímos então somente com duas mochilinhas contendo água, o guia e a câmera fotográfica. Nosso destino principal eram as ruínas de Monte Albán, que ficam a meia hora de ônibus da cidade. Entretanto, nossa primeira parada foi no Museu das Culturas de Oxaca.
Construído no antigo convento dos monges dominicanos, o museu contém a maior parte dos objetos encontrados em Monte Albán em anos de excavação arqueológica. De longe, os mais impressionante são as peças do tesouro encontrado dentro da chamada "Tumba 7". Não se sabe qual dos inúmeros povos que habitaram Monte Albán fabricaram tais peças, mas a sua maestria com materias como ouro, prata, jade e turquesa misturada com a temática religiosa (e muitas vezes macabra) presente nas peças é simplesmente incrível.
A sua importância para o entendimento das culturas pré-colombianas também foi crucial. Antes, sabia-se da existência de materiais preciosos como ouro e prata trabalhados pelos índios pré-colombianos apenas através de registros tributários feito pelos espanhóis durante os séculos XVI e XVII. E essa é até hoje a única coleção de objetos preciosos encontrada em todo o México. Legal, né?
Depois dessa sala, o museu continuou, continuou, continuou e parecia nunca mais terminar. Com pressa, acabamos visitamos o resto bem rápido, e mesmo assim não deu pra ver tudo. Desistimos depois de duas horas lá dentro e fomos pegar o ônibus para o Monte Albán.
A história de Monte Albán é a seguinte: construídas por um povo que ninguém sabe quem foi há muito tempo atrás (cerca de 200 A.C.), esses prédios foram ocupados permanentemente por quase um milênio. Depois, não se sabe o que aconteceu, mas essa civilização desconhecida entrou em crise e acabou abandonando o lugar. Vários outros povos chegaram e lá viveram um tempo, como os zapotecas, os mixtecas e finalmente os astecas, que chamaram o lugar de Huāxyacac ("Na ponta do huaje", planta típica da regiao). Daí vem o nome do estado onde hoje as ruínas se encontram, Oaxaca.
Tá certo que Monte Albán não possui a mesma grandeza das pirâmides de Teotihuacán. Mas o legal aqui é outra coisa: como os prédios e construções foram mais bem preservados, dá pra diferenciar a função social de cada um. Alguns eram observatórios, outros templos, outros palácios, outros residências das famílias ricas... Assim, ao analisar as fases de crescimento do lugar, pode-se entender pela primeira vez como ocorreu o surgimento das classes e da desigualdade social entre os povos mesoamericanos.
Na foto acima, por exemplo, o prédio central é um observatório, que, contrariando o estilo horizontal e perpendicular predominante em todo o local, foi construído na diagonal, em forma de flecha. O prédio à esquerda, no fundo, é um templo. À direita, ao longo da linha reta, ficavam os prédios residenciais da elite "montealbanesa". E por aí vai.
Quadra do jogo de "pelota" (que era difundido, de acordo com regras e costumes locais, por praticamente todo o México pré-colombiano)
Depois de duas horas percorrendo o lugar, voltamos para Oaxaca e enrolamos até as 9 da noite, quando saiu o nosso ônibus para San Cristóbal.
Um comentário:
Oi Mochileiros!!! Vocês estão se superando, o blog está cada dia melhor!!! Bjus, saudades!!!
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